ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Cidade da Bahia e as duas sociologias


Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Depois de chegar à Salvador para o Congresso Brasileiro de Sociologia, queria ressaltar só as belezas da Cidade da Bahia. A reggaera no Pelourinho, gratuita. O banho de mar revigorante. A terra de todas as cores e belezas. A literatura de Jorge Amado.

Mas não dá. No primeiro ônibus que peguei por aqui, algumas pessoas dialogavam. Criticavam o atual estado de coisas, comentavam que só alguma mobilização pode mudar o que não está bom. Junho ainda pulsa.

* * *

A Bahia é muito sedutora. Seduz-me sempre que me acolhe. Com o fim do Congresso Brasileiro de Sociologia, logo deixarei o nordeste. De um lado, ficou em mim uma espécie de olhar sociológico, marcado pelo calor das ruas, das pessoas, a boniteza da negritude das gentes, o sacolejar dos ônibus, o ofegar nas ladeiras que tomam conta da cidade. Ficou essa sociologia popular, na qual o sociólogo não sepretende afastado da realidade que investiga. Pelo contrário, afunda-se nela. Joga-se nela com paixão. Seduz-se por ela. Pensa. Pergunta. Participa.

Por outro lado, também deixaram marcas os interessantes diálogos que acompanhei no evento da Sociedade Brasileira de Sociologia. Agregou muito para um aventureiro inexperiente nas ciências sociais, como eu, toda a gama de discussões de alto nível que pude acompanhar. Tem a contribuir a sociologia feita na intelectualidade, de terno e gravata, em hotéis de luxo e coisas do gênero, embora a realidade se mostre – na prática – muito mais complexa e desafiadora do que a academia consegue perceber. Mais uma vez, a Bahia vai deixar saudades.

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