ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mais uma temporada

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Certa vez, num dia qualquer, pensava na vida. Nas vidas. Próximas ou alheias. Quando me dei conta, tinha que voltar ao trabalho. Hoje, numa segunda-feira, preguiçosa como só as segundas-feiras sabem ser. O começo de mais uma temporada.

O que esperar? Vai saber... Certo da incompletude, das incertezas que estão por vir, lia algumas páginas. Problematizava o planejamento do ano. Muitos temas, objetivos e diálogos. Muitos diálogos. Muitas relações.

Dos estudantes, desejo que venha a disponibilidade para a troca de ideias. Que venham as suas opiniões, os seus saberes e as suas crenças. É a partir do universo do jovem, chacoalhado pelas lentes das Ciências Sociais, que se tornará possível alguma aprendizagem mútua. Sem doutrinação, buscando que as razões e os motivos daquilo que a gurizada pensa ultrapassem a ilusória naturalidade do cotidiano.

Sigamos tentando. Com vontade e alegria.
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Fervem as metrópoles

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

As metrópoles fervem. Enquanto isso, no meio do mato, em frente ao mar e cercadas de rochedos, duas pessoas conversam.

- Na minha cidade, os rodoviários estão em greve. Eu sabia que uma hora o bicho ia pegar. Os caras trabalham em péssimas condições. Mesmo com os problemas do sindicato, uma hora ia estourar.
- Lá onde eu moro, a moda agora é fazer parte de uma espécie de “Liga da Justiça”. Uma pá de maluco sai na rua e começa a querer fazer justiça com as próprias mãos.
- Bah...
- Pois é. E se você diz que não é por aí, o pensamento rasteiro toma conta. Sempre os mesmos falsos argumentos: “Leva pra casa o bandido!”. Não conseguem entender que a vida é feita de relações, oportunidades e circunstâncias. Tratam os outros como essências prontas desde o nascimento. Essências boas ou ruins.
- Complicado. É muito semelhante com o pessoal que tá em greve. Quem tem preguiça de pensar, atitude normal hoje em dia, esperneia com raiva e ódio, como se a vida fosse uma equação simples: “Tá ruim trabalhar lá, troca de emprego!”.
- Porra, eu fico boladão com isso tudo.
- Como não ficar?!

Já no acampamento, na sombra e com uma vista impecável do oceano, dos morros e da praia, juntam-se outros humanos. Fortalecem-se relações. Ali, com poucos recursos, o tempo passa ao sabor dos ventos que espantam o calor. Pelo menos até a hora de voltar para as metrópoles.
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