Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
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Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
O Laboratório Virtual e Interativo de Ensino de Ciências Sociais (LAVIECS/UFRGS), o Programa de Residência Pedagógica em Sociologia (PRP/UFRGS) e a disciplina de Sociologia no Ensino Médio: Teoria e Prática, do currículo da licenciatura em Ciências Sociais da UFRGS, apresentam o evento online "bell hooks e o ensino de ciências sociais".
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Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Difamando o frio intenso do quase inverno ao sul do mundo, olho pela janela do trabalho algumas pessoas gargalhando. Ainda há quem sorria na Universidade. Então, do nada, eu mesmo me pego sorrindo e divagando: e se a alegria e o entusiasmo fossem a centelha que mobiliza o cotidiano da produção e da circulação de conhecimento?
Pensando bem, os fatos objetivos me dão um banho de água congelante, porque revelam um cenário assustador. Qualquer pessoa que conversa com estudantes, especialmente com quem está na pós-graduação, percebe em muita gente que algo não vai bem. Percebe o desânimo, a ansiedade e diferentes adoecimentos. Em alguns casos, também entre docentes esses são sentimentos corriqueiros.
Vale a reflexão sobre como o jogo acadêmico e suas métricas do produtivismo ensandecido e do prestígio como principal recompensa tendem a desencantar a relação com o saber. O excesso de pressão e de vaidade, o exercício de micro poderes e os assédios variados minam um terreno que deveria ser sempre fértil para bons processos pedagógicos e boas pesquisas científicas.
A falta de sensibilidade e acolhimento por parte de ocupantes de posições superiores nas hierarquias acadêmicas é um tiro no pé de todos nós. Funciona como um veneno que vai fazendo com que excelentes estudantes tomem asco do ambiente universitário. Fomenta o anunciado apagão de professoras e professores e a debandada de cientistas para outros países. Uma política pública robusta de financiamento educacional e científico é para ontem.
Não menos importante é o aspecto econômico que atravessa todo o contexto. As e os estudantes de graduação, em geral, estão sem grana e se viram para se sustentar enquanto estudam. Na pós-graduação stricto sensu, muita gente está sem bolsa de pesquisa. Por isso, precisa conciliar a demanda de leituras e tarefas (por vezes um troço sem noção) com o trabalho em turno integral.
Há quem diga que é assim mesmo, e que esse é o preço a se pagar pela excelência. Isso é uma falácia. É possível ser rigoroso e acolhedor, ao mesmo tempo. Corrigir sem humilhar. Estimular o envolvimento e o engajamento, ao invés de ironizar o outro ou se afogar na própria vaidade. Competir menos e cooperar mais. E têm muitas pessoas fazendo dessa forma, buscando esse caminho. Afinal, sem estudantes a Universidade não faz nenhum sentido.
Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Na
quarta passada terminaram as aulas da disciplina de teoria sociológica
que eu lecionei nesse semestre, na universidade em que trabalho. Eu
queria ter escrito ontem sobre o quão incrível foi aprender e ensinar
com essa turma fora de série, mas a vida me atropelou e eu fui tomado
por mais uma das tretas do cotidiano docente.
Ao conseguir
respirar fundo, voltei a lembrar das noites de encontros agitados que
começaram na véspera da morte da minha mãe. Têm coisas na vida que não
se explicam, apenas são como são. Acabei revivendo meus quase 14 anos de
docência. Durante esse período, tive muitas turmas nas quais se formou
uma comunidade de aprendizagem engajada em praticar com atenção as
diversas atividades propostas por mim, o praticante mais experiente.
Considero isso uma baita alegria, porque nem sempre rola.
Com
essa galera, agora, nesse 2022/2, a gente experimentou a sensação de que
a educação é, sim, uma possibilidade real - mesmo nestes tristes
trópicos. Finalizamos nossa jornada coletiva buscando entender a nossa
própria história e a realidade social em que estamos inseridos, a partir
dos conceitos e teorias que estudamos. Só que isso foi apenas uma parte
do que aconteceu conosco. Sinto que construímos, texto após texto, aula
após aula, troca após troca, saberes e conhecimentos que podem servir
como energia para ajudar a encantar e dar sentido às nossas vidas.
Em
tempos de tentativas de sequestro do futuro por parte do extremismo de
direita, com suas armas e políticas de morte, a gente propôs vida,
alegria, envolvimento e sabedoria. Contra a precariedade da existência e
também o elitismo, rejeitamos a máquina de moer gentes e seus fanáticos
e capangas. Oferecemos acolhimento e sensibilidade a quem se fez
presente na experiência pedagógica. Juntos, misturados, coloridos,
diversos, dispostos a somar, compreender e dialogar. Fizemos uma
sociologia viva.