ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sábado, 30 de junho de 2012

As potencialidades analíticas da Nova Sociologia Econômica


No artigo exposto abaixo, disponível no SciELO, o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Edmilson Lopes Júnior (saiba mais), traça um panorama acerca do desenvolvimento da chamada Nova Sociologia Econômica. Como forma de problematizar um fenômeno social que não pertence apenas à disciplina da Economia, o referido escImagem reproduzida do sítio http://blogdoedmilsonlopes.blogspot.com.br/opo de abordagem amplia os horizontes analíticos sobre a temática.

A Nova Sociologia Econômica tem sido uma das mais promissoras reações produzidas dentro do campo da Sociologia à investida do "imperialismo disciplinar" da Economia, ocorrida na década de 80. Nesse momento, quando o reaganismo e o thatcherismo dominavam as paisagens políticas dos EUA e Inglaterra, o paradigma neoclássico hegemônico na Economia parecia, enfim, ter conquistado legitimidade suficiente para ultrapassar o campo limitado das predições sobre o mercado e arvorar-se possuidor de uma base epistemológica capaz de produzir explicações convincentes sobre temas até então abordados prioritariamente pelos sociólogos. Foi assim que os economistas passaram a abordar questões como as escolhas no casamento, as redefinições das taxas de natalidade ou a produção de movimentos sociais em determinados setores da vida social.

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domingo, 24 de junho de 2012

Wolton: “Comunicação é conceito político”


O sociólogo francês Dominique Wolton (saiba mais) esteve em Porto Alegre nesta sexta-feira. Doutor em Sociologia e dedicado a estudar sobre a Comunicação Política e suas vertentes de ligações com a ciência, a tecnologia eImagem reproduzida do sítio http://sul21.com.br/jornal/2012/06/comunicacao-e-um-conceito-politico-diz-dominique-wolton-em-porto-alegre/ a sociedade, Wolton defendeu suas ideias em palestra proferida na capital gaúcha.

Para ele, vivemos um momento em que a humanidade está dominada pelas tecnologias emergentes e acredita que elas solucionarão os problemas mais variados. Por outro lado, Wolton argumenta que o importante é buscar uma aproximação comunicativa entre os povos, para fins de uma convivência harmoniosa. Nessa perspectiva, apenas o desenvolvimento técnico não basta para que possamos melhorar as organizações sociais.

“Comunicação é um conceito político, pois supõe a igualdade entre os protagonistas. Só não nos matamos uns aos outros porque somos capazes de nos comunicar”.

Para saber mais sobre as ideias do autor e a palestra por ele realizada, visite a matéria do Sul21 clicando no link abaixo.

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Gostar de estudar afasta a reprovação?


Os fenômenos adjacentes ao sucesso escolar podem ser ocasionados por distintos fatores. Do ambiente interno da instituição, observados os elementos familiares, até as próprias contingências das realidades específicas, perpassam muitas conjecturas, pesquisas e teorias. Sem entrar nessa seara, executaremos um exercício de porcentagens (sem muitos rigores metodológicos e teóricos, portanto não científico), tentando verificar algumas assertivas retiradas do cotidiano ou do senso comum.

A partir do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o seu banco de dados de 2003, contendo 107 variáveis, será possível oferecer algumas reflexões. A proficiência dos jovens foi medida nas disciplinas de português e matemática e as demais variáveis constituem um questionário socioeconômico. As variáveis selecionadas são as seguintes: a) a reprovação dos estudantes (0=não; 1=sim), como manifestação simbólica dos seus rendimentos, no posto de variável dependente; b) o gosto pelo estudo (0=não; 1=sim), variável independente 1; c) posse de computador e internet em casa (0=não; 1=sim), variável independente 2.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Austeridade para quem?


Bernardo Caprara
Sociólogo e Jornalista

Num dia qualquer, desses do cotidiano, estive olhando para o Sol. Foquei alguns segundos o gigante que nos aquece, a olho nu, e logo minha visão foi prejudicada. Para que possamos entender a importância do Sol, definitivamente observá-lo não reluz como a melhor saída. Muito mais interessante é tentar caracterizar os efeitos que ele exerce no planeta. Assim pode ser com alguns fenômenos sociais, quero afirmar. Há determinadas circunstâncias que, se vistas com os predicados da crueza e do imediatismo, em sequência ou isoladas, perdem sentido ou obscurecem a nossa compreensão. Parece-me o caso das polêmicas ao redor da crise na Europa, em especial na Grécia.

Antes de iniciar uma aventura de reflexão sobre o tema que fechou o parágrafo acima, faz-se imperativo um esclarecimento sempre conveniente. As ideias de uma sociologia neutra, desprovida das inconstâncias valorativas do sociólogo, capaz de objetivar relações permanentemente subjetivas, passam bastante longe daqui. A propósito de deixar claro, Pedro Demo (1983, p. 7) assinala: “A questão metodológica (das ciências sociais) não é a da isenção de valores, mas a do controle suficiente deles”. Seguindo esse circuito, problematizar a situação da crise europeia sugere um conjunto de concepções que subsidiam a referida tarefa. A tentativa de promover uma “vigilância” em cada ato de escrita está presente no exercício do contraponto, na apresentação dos argumentos de negação.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Edgar Morin: "A grande questão é como abolir a especulação do capital financeiro"


A revista Carta Capital entrevistou o pensador francês Edgar Morin, hoje com 90 anos, no auge da sua lucidez, em Paris. A entrevista foi publicada na edição do dia 15 de maio de 2012. O sociólogo, ex-integrante da Resistência Francesa, possui origem judaica e trocou de nome durante a Segunda Guerra Mundial. Seus dois últimos livros se chamam, respectivamente, "O caminho" e o "O caminho da esperança", este último elaborado com o ex-embaixa­dor Stéphane Hessel, de 94 anos.

Morin, que possui trabalhos em diversas áreas e é considerado um dos maiores intelectuais franceses ainda vivos, considera que "[...] a grande questão atualmente é sa­ber como abolir a especulação do capital financeiro (saiba mais sobre o capital financeiro) que aterroriza os Estados e esma­ga os povos, como na Grécia”. O francês falou sobre variados assuntos. Reproduzimos abaixo a entrevista produzida pela Carta Capital, através do sítio da Escola da Complexidade.

sábado, 9 de junho de 2012

Homenagem a Antônio F. Pierucci


Infelizmente, a morte chegou para um dos grandes sociólogos brasileiros. Antônio Flávio Pierucci (saiba mais), então professor da USP, faleceu vítima de um infarto na sexta-feira (08) do presente mês. O sociólogo paulista tinha 67 anos e, além de professor da USP, haviado pesquisado para o CEBRAP e desde 2001 oImagem reproduzida do sítio http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/12160356.jpegcupava o cargo de Secretário-Geral da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência.

Seus principais estudos giram em torno da Sociologia da Religião. A melhor edição do clássico “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” (na opinião do editor deste blog), de Max Weber, publicada no Brasil, carrega a organização de Pierucci. Como homenagem a este grande cientista e pensador, indicamos a leitura de um dos seus artigos, intitulado “De olho na modernidade religiosa”, cujo primeiro parágrafo encontra-se abaixo e o link para a leitura completa também.

Como a sociologia em relação à modernidade, assim a sociologia da religião só tem cabimento se for capaz de uma sociologia da modernidade religiosa. É a convicção epistemológica que sustento e me sustenta como especialista.


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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Uma hora com Maria da Conceição Tavares


Economista Maria da Conceição Tavares completa
80 anos e permanece com as suas atividades acadêmicas

A economista nascida em Portugal, mas brasileira por opção e de coração, Maria da Conceição Tavares (saiba mais), completou 80 anos em 2011. Ela prossegue com as suas atividades de pesquisa e docência na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O canal Globo News entrevistou a intelectual por quase uma hora, em conversa que perpassou diversos assuntos.

Conhecida por sua participação intensa nos debates econômicos desde a década de 1960, Tavares carrega o rótulo de “agressiva”, embora se mostre bastante disposta e por muitas vezes sorridente no vídeo acima. Trata-se de mais uma aula de economia política ministrada por Maria da Conceição Tavares. 
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terça-feira, 5 de junho de 2012

A impunidade e a sociedade da disciplina e do controle: um olhar à luz de Foucault


Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor


Uma das afirmações bastante difundidas no Brasil atual diz respeito ao vício da impunidade, sempre associado aos percalços da violência, da corrupção e ao funcionamento dito ineficaz do Estado. Os desvios encontrados nesse país seriam, tanto para alguns representantes dos meios de comunicação, quanto para determinados grupos sociais, frutos da percepção de que nada acontece para aqueles que burlam as leis e as condutas consideradas adequadas na convivência cotidiana. Os desesperados bradam em uníssono: pena de morte aos vagabundos!

Sem desconsiderar a relevância de tais sentenças (com exceção da última, fora de cogitação para quem vos escreve), contanto que deixemos claro que os fenômenos sociais não possuem causas únicas, no que concerne às suas querelas, pretendemos aprofundar a reflexão acerca das questões supracitadas. De fato, a trajetória das sociedades ocidentais nos últimos séculos conformou uma tendência a naturalizar as decorrências de relações sociais construídas historicamente, por agentes sociais protagonistas das situações que, portanto, nada carregam de naturais, objetivas ou imutáveis. É imperativo enfatizar isso, no intuito de evidenciar nossa concepção de que conviver com a impunidade não simula um fator intrínseco ao povo brasileiro, sejam quais forem os argumentos desferidos em favor dessa posição.

Na medida em que entendemos as sociedades contemporâneas sob o prisma da complexidade, apresentaremos, na tentativa de buscar as suas características, algumas das abordagens centrais de Michel Foucault, relacionadas à punição, controle e disciplina. Por intermédio das colocações do pensador francês, ofereceremos subsídios para problematizar as relações sociais da contemporaneidade, indo além de respostas fechadas, como a ideia de impunidade – e suas contrapartidas, conectadas aos projetos de punições severas por excelência – sugere em diversos momentos.

domingo, 3 de junho de 2012

O programa da austeridade


Paul Krugman* / Nobel de Economia (2008)
Tradução: Bernardo Caprara / Reproduzido do El País

“O ápice econômico (e não a crise) é o momento adequado para a austeridade”. Isso afirmava John Maynard Keynes há 75 anos, e tinha razão. Mesmo quando se tem um problema de déficit em longo prazo – quem não tem? –, diminuir drasticamente os gastos enquanto a economia está desaquecida é uma estratégia contraproducente, não faz mais do que agravar a recessão.

E por que o Reino Unido está fazendo justamente o que não deveria fazer? Ao contrário dos governos da Califórnia e da Espanha, por exemplo, o governo britânico pode adquirir empréstimos livremente a taxas de juros mais baixas do que nunca. Então por que o governo está cortando investimentos e eliminando centenas de milhares de empregos no setor público, ao invés de esperar a economia se fortalecer?

Nos últimos dias, tenho feito essa pergunta a alguns defensores de David Cameron (Primeiro Ministro da Inglaterra), tanto em ambientes privados, quanto na televisão. Todas essas conversas têm seguido um padrão semelhante: eles começam com uma metáfora ruim e terminam revelando os verdadeiros motivos ocultos. 

François Dubet e as desigualdades escolares antes e depois da escola


SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO - A Revista Sociologias, do Programa de Pós Graduação em Sociologia da UFRGS, apresenta no seu último número um dossiê sobre a educação e os desafios que ela encontra nesse momento histórico de valorização do conhecimento. Um dos textos principais, de autoria de François Dubet (foto), Marie Duru-Bellat e Antoine Vérétout, versa sobre as desigualdades educacionais, o fator escolaImagem retirada do sítio http://cvideo.ac-bordeaux.fr/preview/f_dubet.jpg e a influência dos diplomas. Segue o resumo do artigo e o link para prosseguir a leitura. Na página do texto pode ser visualizado o currículo dos autores.

A escola reproduz as desigualdades sociais por ser mais favorável aos alunos social e culturalmente privilegiados. No entanto, essa "lei" é demasiado geral para explicar as grandes variações na amplitude dessa reprodução, reveladas pelas comparações internacionais. Partindo desses estudos, o artigo mostra, em primeiro lugar, que essas variações não se explicam diretamente pela amplitude das desigualdades sociais. Para explicá-las é preciso levantar duas outras questões. A primeira tange à organização dos sistemas escolares, os quais podem aumentar ou atenuar o impacto das desigualdades sociais sobre as desigualdades escolares. A segunda se refere aos impactos da escola, à influência dos diplomas para a mobilidade social. O artigo demonstra que, quanto mais determinante for o papel dos diplomas, mais marcadas serão as desigualdades escolares e mais rígida será a reprodução das desigualdades sociais. Finalmente, a função atribuída à escola pelas diversas sociedades determinará a amplitude da reprodução social. Contudo, essa análise foi realizada a partir de uma amostra de países, logo a realização de estudos qualitativos complementares seria muito útil para melhor compreender como ocorre a reprodução social.

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Florestan Fernandes no Roda Viva


Um dos maiores nomes da sociologia brasileira
Florestan Fernandes esteve no programa da TV Cultura

Logo após um dos seus orientandos mais próximos assumir a Presidência da República (Fernando Henrique Cardoso, em 1994), Florestan Fernandes (saiba mais) respondeu a uma série de questionamentos realizados pela bancada de jornalistas que compunha o programa Roda Viva. Na época, o sociológo estava Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

O foco dos arguidores se manteve nas possibilidades de Fernando Henrique Cardoso enquanto presidente, nas concepções políticas do entrevistado e na visão que o mesmo estabelecia da realidade vigente. Florestan Fernandes salientou a necessidade de contrapor a “onda” neoliberal, criticou denúncias relacionadas ao PT e, inclusive, sublinhou que a sua conduta era disciplinada, mas não controlada ou submetida aos ditames do partido. Com mais de 50 livros publicados, Florestan Fernandes marcou para sempre as ciências sociais no Brasil.
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