Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
No dia 4 de maio de 2009, iniciei a aventura de ser professor. Quis o
destino que hoje, 11 anos depois, um vírus mortal levasse o gigante
Aldir Blanc.
Em todos esses anos, busquei na docência a defesa e
o aprofundamento da democracia. Uma forma de fomentar para todos a
liberdade, a igualdade e a dignidade de um mestre-sala.
Falhei muitas vezes. Incontáveis tardes me caíram como um viaduto. A sala de aula é casa de marimbondo, e tem gente aí que acha que aprender é contravenção.
De uns anos pra cá, tudo piorou. Os corpos estendidos no chão do Brasil
que o Brazil não conhece, ou os tantos que partiram num rabo de
foguete, entre cantos e chibatas, viram-se outra vez diante da
brutalidade dos torturadores e seus asseclas.
Sentindo um frio
na alma, te convido a dançar, Esperança Equilibrista. O tempo corre e o
suor escorre, e a gente não pode entregar o país ao nosso passado mais
sombrio. A ciranda do povo não pode desistir.
Só assim, sem se
entregar, é que essa dor assim pungente, não há de ser inutilmente. São
professores como eu, pais de santo, passistas, flagelados, balconistas,
palhaços ou boias-frias...
Não importa quem somos, não
podemos nos entregar ao porão e aos genocidas. Cantemos alto, porque se
eu contar o que pode um cavaquinho, os "homi num vai crer": "Glória, a
todas as lutas inglórias, que através da nossa história, não esquecemos
jamais!".
.