Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Quinta-feira, 22 de julho: dia do
cientista social. Aniversário do gigante Florestan Fernandes. E aqui
estou eu, redigindo essas linhas aleatórias. Mais um dia existindo na
Terra, observando o charme da lua. Mais um ano trabalhando com Ciências
Sociais.
Quando esse meu desejo começou, ele era um sonho de um
jovem estudante. Lecionar, pesquisar, descobrir regularidades e examinar
detalhes das relações sociais. Trabalhar com os métodos e teorias
acumuladas pelos estudiosos que vieram antes.
Tudo, na real,
muito doido. Eu, que me sinto mais à vontade numa arquibancada do que
entre engravatados. Que não abro mão de uma cerveja com as amizades. Que
respiro praia e mar. Que abasteço a sede de viver com batucadas e com a
beleza de quem sabe sambar. Um maluco por futebol e pelo Inter.
Aliás, enquanto escrevo penso em uma conversa com um grande amigo,
marcando um momento em que sorríamos com a famosa "noite Bressan". Coisa
de doidos mesmo. Doidos encantados com a vida, com a simplicidade da
alegria que, como bem dizia Guimarães Rosa, acontece em momentos de
distração.
Gostem ou não, venho fazendo Ciência Social há mais
de década. O Brasil precisa de cientistas e o negacionismo é um mal a
combater com o bom combate. E o Brasil precisa de mais. Enquanto puder,
vou insistir na cruza como horizonte. Na mistura de saberes,
conhecimentos e experiências, pautada na responsividade, no entendimento
do outro como parte do eu.
Acho que nunca vou ser um grande
cientista social. Ufa! Minha vida agradece. Quero seguir buscando
encantar os estudantes com as miudezas da existência; seguir escrevendo
mais com prazer do que obrigação; ajudar a entender e transformar o
mundo trocando conhecimento crítico e plural. Assim como esse país não é
dos fanáticos genocidas, a ciência não é só de quem não gosta da rua.
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