Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Neste
 mês de maio, eu completei 13 anos de docência. Os últimos sete deles 
vêm acontecendo aqui na UFFS. Se juntar esse tempo com o período de 
estudante na UFRGS, lá se vão 17 anos de universidade pública. 
Quando
 moleque, eu estudei numa escola particular de muito boa qualidade. 
Mesmo assim, quando me formei no ensino médio, não tinha expectativa de 
cursar uma federal. Isso era coisa pra quem era muito estudioso, o que 
não era o meu caso. 
A história de como entrei em Ciências 
Sociais na UFRGS fica para outro dia. No Campus do Vale, acompanhei de 
perto a transformação do ensino superior público. As ações afirmativas e
 o Reuni, ainda que incompletos, mudaram a cor, a classe e o cotidiano 
de quem frequenta essas instituições. 
Não foi apenas isso que 
mudou. Muitas vidas mudaram. Lembro bem da noite em que fui homenageado 
por uma turma de formandos na UFFS. Lembro bem da emoção de ver as 
pessoas profundamente afetadas pela vitória dos seus e das suas, muitas 
vezes os primeiros e as primeiras na família a finalizar uma graduação.
Hoje,
 há quem diga que a universidade pública atende só aos abastados. Não é 
essa a realidade e há dados suficientes disponíveis por aí. Na verdade, a
 reforma no ensino médio e a escassez de investimentos no nível superior
 demonstram um projeto de retorno a uma época insistente em que para as 
classes trabalhadoras o país só destinava a repressão e a precariedade 
absoluta. 
A gente tem muito a melhorar em termos de ingresso e 
permanência discente e qualificação pedagógica e pluralidade docente. 
Isso é importante para ajudar a resgatar os horizontes de que o 
conhecimento pode mudar vidas. E esses horizontes não se pautam por 
ensino domiciliar ou privatização. Pautam-se pela sabedoria de que a 
educação é uma tarefa coletiva e não é mercadoria.
