Muhammed Ali começou a se tornar um grande lutador de boxe vencendo as Olimpíadas de 1960. Em 1964, conquistou o título de Campeão Mundial dos Pesos Pesados profissionalmente, derrotando Sonny Liston. Os Estados Unidos enfrentavam acontecimentos políticos de bastante importância na década, marcada pelo combate ao racismo e pelas lutas em prol dos direitos civis. A resistência negra era liderada por ícones como Malcom X e o movimento dos Panteras Negras.
Cassius Clay, seu nome de batismo, converteu-se e tornou-se muçulmano. Passou, então, a ser chamado de Muhammad Ali. Em 1967, foi convocado ao serviço militar para a Guerra do Vietnã, mas negou-se a participar do conflito. Numa das maravilhosas e inteligentes frases desferidas por Ali durante sua vida, já que suas lutas eram carregadas de discursos antes e depois, ele afirmou que não iria guerrear com os vietkongs, pois nenhum deles o havia chamado de crioulo (nigger) em sua vida.
Assim, o "democrático" governo de Lyndon Johnson vetou Ali de praticar o boxe profissional e impetrou ação judicial pedindo a sua prisão por cinco anos. Seu título de Campeão Mundial de Pesos Pesados foi excluído.
Muhammad Ali, como gostava e exigia ser chamado, sempre ressaltando que Cassius Clay representava um nome oprimido, escravizado, um passado de tormentas para os descendentes de africanos, brigou com a justiça dos EUA até ser liberado para praticar o esporte que era o seu ofício. Desafiou o então campeão mundial da sua categoria e acabou perdendo para Joe Frazier.
Em 1974, Don King, magnata dos empresários do boxe estadunidense, organizou uma luta entre George Foreman e Muhammad Ali, em solo africano, em Kinshasa, no Zaire (atual República Democrática do Congo). Na véspera, Foreman alegou lesão e adiou o embate.
Ali nocauteou Foreman após vários assaltos dominados por seu oponente, e retomou o tão merecido título de Campeão Mundial de Pesos Pesados no boxe profissional. Não há como não considerá-lo o maior boxeador de todos os tempos, trata-se de uma verdade quase intocável.
Por fim, mais importante do que o atleta, é a figura humana de Clay/Ali, independente de como o chamem. O fato é que a rejeição completa do racismo sofrido na pele, as posições políticas declaradas e sua atuação profissional significam um exemplo de resistência aos parâmetros de desigualdade que compunham – e, em parte, ainda compõem – as sociedades ocidentais capitalistas contemporâneas.
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