Uma das melhores literaturas dos últimos tempos. Não é europeia, americana ou brasileira. A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (saiba mais) alcança uma sensibilidade extrema, uma narrativa mais do que fluente, viva e pujante. Ainda que "Meio sol amarelo" (Companhia das Letras, 2008) trate livremente de um tema tão complexo como os conflitos políticos, étnicos e sociais de uma Nigéria dos anos 1960, o texto é doce, quente e muito reflexivo.
Ugwu escolheu a cadeira mais distante e juntou os pés desajeitadamente. Preferia ficar em pé.
“Existem duas respostas para as coisas que eles vão lhe ensinar sobre a nossa terra: a resposta verdadeira e a resposta que você dá na escola para passar de ano. Você tem que ler livros e aprender as duas versões. Eu vou lhe dar livros, livros excelentes”. O Patrão interrompeu o que dizia para tomar um gole de chá. “Eles vão lhe ensinar que um homem branco chamado Mungo Park descobriu o Rio Níger. Isso é besteira. Nosso povo pescava no Níger muito antes que o avô de Mungo Park tivesse nascido. Mas, no seu exame, escreva que foi Mungo Park”.
“Pois não, sah”. Ugwu desejou que esse Mungo Park não tivesse ofendido o Patrão tanto assim (página 21).
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