ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sobre o 20 de setembro no Rio Grande

Imagem retirada do sítio https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieidwbLzvfqELsNexM_u6j4u0UjLZkrVTBXntEKNOu1gfxYYmcEuaYZ4YkZZhJR2MphbyKYKYTArGw8yE6_4tX6mRbuq7oJI0VDM4O3tqDsYMT7Out0FWmeQDs1Cca_PkDNqBDeVOHd9St/s320/LANCEIROS+NEGROS1.jpg Os Lanceiros Negros, verdadeiros heróis de uma
Revolução que não fez sentido para o povo

Sim, eu sou gaúcho. Sou colorado, fanático, se existir um bom sentido para o termo. Tenho o hábito de degustar um bom chimarrão quase que diariamente. O churrasco é, sim, uma das mais (senão a mais) apreciadas refeições que costumo realizar. Eu admiro as características do meu estado que são parecidas com os países do Prata.

Não, eu não ando a cavalo. Não, eu não uso bombachas e botas diariamente. Não gosto de música tradicionalista e detesto o frio (“zinho” coisa nenhuma!) que nos atormenta em todos os invernos. Não compactuo com o ideal “faca na bota”, nem com a maioria das referências simbólicas provenientes do interior do estado – generalizando e sabendo dos perigos disso.

Essa lógica do “sim” e “não” me autoriza, rapidamente, a mostrar que essa história exagerada de exaltação da Revolução Farroupilha ou das “propriedades superiores” de um sujeito que nasceu no Rio Grande do Sul não está com nada. É pura arrogância lamentável.

Isso não significa que não devemos dar valor ao nossos caracteres tradicionais, ou rejeitar nossos costumes. Jamais defenderia isso, mas pra nenhum povo que seja. O que me incomoda nesses momentos, como o 20 de setembro nosso de cada ano, é que alguns de nós sobem na mesa e bradam com ênfase: “sirvam nossas façanhas!”.

Devagar, irmãos. Nem tanto o céu, nem tanto a Terra. Até porque, retrocedendo no tempo, pouco temos a vangloriar num movimento separatista erguido por estancieiros, latifundiários e integrantes de uma elite econômica. Não teve uma base popular como o imaginário construído ao final da Revolução sugere e perpetua, de certa forma, até os dias de hoje.

Sim, valorizemos o nosso lar, o nosso modo de viver. Muito mais do que isso, valorizemos o fato de que somos brasileiros, de que constituímos uma bela parte de uma variedade heterogênea de povos misturados nessa imensidão de diversidade chamada Brasil. Sou brasileiro e gaúcho, gaúcho e brasileiro!