O pensador italiano Umberto Eco (saiba mais), famoso por seus livros, entre eles o sucesso que virou filme, “O nome da rosa”, possui uma coluna no sítio UOL. Eco fala sobre a sensação permanente em que estamos inseridos na atualidade. Tal sensação é a de uma espécie de “síndrome do olho eletrônico”, na qual em todos os momentos estamos cercados por câmeras, aparelhos de filmagem e similares, capazes de capturar a vida real e transpô-la para a instância do virtual. Cabe, então, uma abordagem crítica desses fenômenos.
Algum tempo atrás eu estava dando uma palestra na Academia Espanhola em Roma - ou melhor, tentando dar uma palestra. Fui distraído por uma luz forte que brilhava em meus olhos e dificultava que eu lesse minhas anotações - a luz de uma câmera de vídeo de um celular pertencente a uma mulher na plateia. Reagi de maneira muito ressentida, comentando (como geralmente faço diante de fotógrafos desconsiderados) que, mantendo a adequada divisão de trabalho, quando eu estou trabalhando eles deveriam parar de trabalhar. A mulher desligou a câmera, mas com um ar oprimido, como se tivesse sido submetida a um verdadeiro insulto.