ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sábado, 1 de dezembro de 2012

Sujata Patel sobre as mentes colonizadas


Pouco se conhece no mundo ocidental sobre a sociologia da Índia. A professora Sujata Patel (saiba mais), da Universidade de Hydebarad, apresentou conferência no Seminário Internacional Sociologias do Século 21, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS. Na sua fala, uma crítica ao conhecimento elaborado sob os pressupostos epistêmicos europeus, considerados como a única forma de produção do saber científico. Patel argumentou que a forma de pensar as sociedades colonizadas como exóticas apenas impede que se aprofundem osImagem reproduzida do sítio http://www.havenscenter.org/files/Patel2.jpg conhecimentos sobre elas. Abaixo disponibilizamos o atalho para um pequeno texto da socióloga, publicado pela International Sociological Association (ISA).

[…] Uma imaginação eurocêntrica se entende em termos de sua própria autoimagem. Este
self viu seu crescimento a partir do Iluminismo europeu, que criou um novo sujeito racionalista e humanista. Com razão e ciência, este sujeito conquistou tempo e espaço, desta forma garantindo e satisfazendo as demandas do progresso humano. Ao invés de perceber a modernidade como um sistema econômico mundial (um sistema de produção capitalista e seu mercado), sustentado por uma formação política (um sistema de Estados Nação com uma forma nacional legitimada pela lei), uma organização social (na forma de classes, gênero, raças e etnicidades) com práticas culturais (como o lazer e a boa vida), a imaginação eurocêntrica o reificou como um processo “culturalista” interno da Europa, como argumenta Arif Dirlik. Este self emergiu não somente em termos de seu próprio desenvolvimento endógeno, mas também na e por meio da organização de processos coloniais e imperiais de dominação. Contudo, acadêmicos europeus avaliaram e continuam a avaliar este discurso não em sua mútua relação com o colonialismo, mas dentro dos limites de sua própria história e linguagem endógenas. Hoje, esta orientação continua a explicar os processos de segunda ou alta modernidade, ou modernidade radical, na Europa e na América do Norte, e organiza a discussão do nacionalismo metodológico.

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