Os debates que giram em torno das possibilidades de lugares híbridos de enunciação científica, de alguma forma agrupados nas perspectivas pós-coloniais, trazem grandes polêmicas e enfrentamentos nas ciências humanas e sociais. O professor de sociologia da Universidade Livre de Berlim, Sérgio Costa (saiba mais), apresenta um artigo bastante interessante refletindo sobre a temática. A publicação está disponível no SciELO (através da Revista Brasileira de Ciências Sociais) e os caminhos para acessá-la estão arrolados abaixo.
Este ensaio discute as contribuições dos estudos pós-coloniais para a renovação das teorias sociais contemporânea. Considera-se, em primeiro lugar, o caráter da crítica que os estudos pós-coloniais endereçam às ciências sociais. Em seguida, discutem-se as alternativas epistemológicas que apresentam, considerando-se três concepções-chave – modernidade entrelaçada, lugar de enunciação "híbrido", sujeito descentrado. A conclusão é que, a despeito de sua contundência e da suspeita de alguns autores de que a teoria pós-colonial implode a base epistemológica das ciências sociais, boa parte da crítica pós-colonial tem como destinatário a teoria da modernização. Neste ponto, apresenta afinidades com objeções trazidas por cientistas sociais que nada têm a ver com o pós-colonialismo. Outros aspectos levantados pelos estudos pós-coloniais não desestabilizam, necessariamente, as ciências sociais, podendo mesmo enriquecê-las.