Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Sociólogo e Professor
Há alguns dias, algumas pessoas têm me dito que o problema maior do
Brasil é a “apologia” da homossexualidade, do feminismo e da divisão da
sociedade em “raças”.
Há alguns dias, formou-se uma rota de
formigas, no pátio de casa. Lá vão elas, sem parar, pra lá e pra cá,
organizadamente, carregando pedaços de folhas e flores enormes para o
seu tamanho.
Apologia é um discurso que defende, justifica ou
elogia alguma coisa. Os dois exemplos recorrentes do tal problema
principal do país falavam sobre as manifestações em público de amor e carinho de pessoas do mesmo sexo e da liberdade corporal das mulheres.
Ora, essas pessoas não se importavam nem um pouco, quando perguntadas, a
respeito da “apologia” da matança, da tortura e do autoritarismo, tão
presente nos últimos tempos. Para isso, elas diziam: “é da boca pra
fora, são brincadeiras”.
Quer dizer, então, que o amor e o
carinho, a liberdade e autonomia das minas pra lidar com seu próprio
corpo, a defesa e o elogio da cultura e da história negra, tudo isso são
problemas sociais graves – mas a defesa e o elogio da morte de
opositores e da violência como plataforma política são apenas bravatas
engraçadinhas?
Acho que o vaivém das formigas, sobre o solo árido
e pedregoso, de aparência tão insignificante, soa bem pedagógico: a
tarefa é pesada, mas só com organização, disposição e persistência será
possível cumpri-la.
Passo a passo, levando a semente para
desarmar o ódio e construir uma sociedade que se paute pela comunhão,
pela solidariedade, pela pluralidade, pela liberdade e igualdade para
todos.
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