O intelectual alemão Norbert Elias (saiba mais) transita por diversas áreas das ciências humanas e sociais. Pelo menos na história e na sociologia, seu espaço está garantido como um dos principais pensadores do século 20. Muitas das suas obras marcaram o pensamento social contemporâneo, mas foram, sobretudo, os dois volumes denominados “O processo civilizador” que deram um destaque bastante abrangente ao autor. Abaixo encontra-se uma resenha sobre o primeiro dos dois livros, cuja elaboração foi realizada em conjunto por Bernardo Caprara e Janine Prandini Silveira.
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Nem sempre garfos foram utilizados à mesa na sociedade ocidental. O lenço difundiu-se com vasta abrangência pelos estratos da sociedade somente por volta do século XVIII. Até então, como os indivíduos faziam para limpar bocas e narizes? E como eram suas condutas à mesa? Dessas e outras questões aparentemente irrelevantes, o sociólogo alemão Norbert Elias consegue extrair sentido ao abordá-las sob um enfoque analítico longitudinal, isto é, procurando o sentido das minúcias dos hábitos cotidianos da civilização ocidental no curso da história. O problema de que trata Elias em “O processo civilizador”, cuja primeira edição data de 1939, parte da percepção de que os indivíduos ocidentais nem sempre se comportaram da maneira que chamamos de “civilizada”. Por que aconteceu essa transformação nas condutas dos seres humanos? O que versa esse tal processo civilizador? Como ele acontece? Nesse livro, Elias nos fornece algumas respostas a essas questões.