ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Em defesa das Ciências Sociais

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

No dia Nacional da Ciência, assim como nos demais dias, cientistas sociais lidam com desafios o tempo todo: opiniões, ideologias, distorções, falácias, determinismos... Há diversas formas de produzir significado sobre a vida humana em sociedade competindo com o conhecimento que fundamenta a nossa atuação profissional.

O próprio conhecimento científico das relações sociais não parece escapar dessas influências, e muito menos as pessoas/cientistas - elas mesmas integrantes das sociedades humanas que investigam. Além disso, há de se ter clareza de que outras matrizes de conhecimento possuem muito valor.

Diante de todas essas questões, é preciso ousadia e dedicação para afirmar uma ciência social crítica, rigorosa e criativa. Demanda tempo, condições materiais adequadas, estudo, maturidade; domínio do que foi e é pesquisado e teorizado sobre múltiplos temas que se inter-relacionam; domínio das bases filosóficas sobre o ser e o conhecimento; e domínio dos artefatos metodológicos disponíveis, da estatística à etnografia.

É verdade que cumprir todos esses requisitos equivale a abdicar de viver para apenas trabalhar, sendo que isso não vale o esforço. Contudo, os tempos sombrios são aqueles em que nos tornamos mais relevantes.

Procurando rigor, pluralidade, criticidade e criatividade, na produção e divulgação do conhecimento, os desafios que requerem ousadia podem se concretizar na defesa das Ciências Sociais e de sociedades mais democráticas, livres, sustentáveis e com oportunidades para todos.

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