ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Ciências Sociais e a vida que pulsa

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Quinta-feira, 22 de julho: dia do cientista social. Aniversário do gigante Florestan Fernandes. E aqui estou eu, redigindo essas linhas aleatórias. Mais um dia existindo na Terra, observando o charme da lua. Mais um ano trabalhando com Ciências Sociais.

Quando esse meu desejo começou, ele era um sonho de um jovem estudante. Lecionar, pesquisar, descobrir regularidades e examinar detalhes das relações sociais. Trabalhar com os métodos e teorias acumuladas pelos estudiosos que vieram antes.

Tudo, na real, muito doido. Eu, que me sinto mais à vontade numa arquibancada do que entre engravatados. Que não abro mão de uma cerveja com as amizades. Que respiro praia e mar. Que abasteço a sede de viver com batucadas e com a beleza de quem sabe sambar. Um maluco por futebol e pelo Inter.

Aliás, enquanto escrevo penso em uma conversa com um grande amigo, marcando um momento em que sorríamos com a famosa "noite Bressan". Coisa de doidos mesmo. Doidos encantados com a vida, com a simplicidade da alegria que, como bem dizia Guimarães Rosa, acontece em momentos de distração.

Gostem ou não, venho fazendo Ciência Social há mais de década. O Brasil precisa de cientistas e o negacionismo é um mal a combater com o bom combate. E o Brasil precisa de mais. Enquanto puder, vou insistir na cruza como horizonte. Na mistura de saberes, conhecimentos e experiências, pautada na responsividade, no entendimento do outro como parte do eu.

Acho que nunca vou ser um grande cientista social. Ufa! Minha vida agradece. Quero seguir buscando encantar os estudantes com as miudezas da existência; seguir escrevendo mais com prazer do que obrigação; ajudar a entender e transformar o mundo trocando conhecimento crítico e plural. Assim como esse país não é dos fanáticos genocidas, a ciência não é só de quem não gosta da rua.

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