ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 2 (17)

América do Sul, Brasil,

segunda-feira, 11 de maio de 2015

David Harvey e o pós-fordismo


A acumulação flexível, como vou chamá-la, é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. […] Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças de padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego no chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas […].

A acumulação flexível foi acompanhada na ponta do consumo, portanto, por uma atenção muito maior às modas fugazes e pela mobilidade de todos os artifícios de indução de necessidades e de transformação cultural que isso implica. A estética relativamente estável do modernismo fordista cedeu lugar a todo o fermento, instabilidade e qualidades fugidias de uma estética pós-moderna que celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de formas culturais.

REFERÊNCIA

HARVEY, David. Condição pós-moderna. 3a edição. São Paulo: Loyola, 1993. Páginas 140 e 148.

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quinta-feira, 7 de maio de 2015

O bom da internet?

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Conversas cotidianas.

- O bom da internet é que eu só vejo o que eu quero.

- Será que isso é bom?!

- Ué, e por que não seria?

- Sei lá, as pessoas não estariam cada vez mais bitoladas? Cada vez mais irreflexivas e presas num nicho específico de ideias?

- Como assim?

- Se tu não te propõe a ver, ler ou escutar o contraditório, aquilo que contraria o teu interesse, acho que tu vai ficando muito intolerante. E o pior, vai ficando com menos conhecimento sobre as coisas.

- Mas se tu te aprofunda num jeito de ver as coisas, por que ficaria com menos conhecimento sobre as coisas?

- É... depende de qual o tipo de material que tu acessa na internet. Só que eu ainda acho que o contraditório é importante. Faz pensar sobre o que é diferente daquilo que nos interessa, daquilo que nós defendemos.

- Pode ser. Eu vejo páginas da rede social, vejo blogs, sites e tal.

- Beleza. E tu te preocupa com as fontes do que tu vê? De onde vêm os argumentos?

- Vêm dos sites, dos blogs e das redes sociais.

- Esse é outro problema. Minha pergunta é se tu sabe se é apenas uma opinião, se é um conteúdo fruto de pesquisa, de reflexão. Qual o critério que tu usa pra acreditar naquilo?

- Se tá lá, publicado, e eu concordo... esse é o critério.

- Então... esse é o meu receio de não buscar o contraditório. Algo que não está entre o que nós defendemos pode incomodar, mas pode ajudar a fazer a gente correr atrás e ver se é real ou não.

- Hmm.

- Acho que é preciso mais do que estar publicado para que a gente possa usar como critério daquilo que defendemos. Investigação, reflexão, fontes confiáveis, estudos aprofundados, enfim, são coisas que podem nos ajudar a fazer com que a gente não caia na vala comum das opiniões sobre tudo e sem relação com a realidade.

- É. Pode ser.

Pensamentos cotidianos.

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