O falecimento da dirigente política conservadora Margaret Thatcher (saiba mais), que governou a Inglaterra durante 11 anos, foi acompanhado de uma cobertura esquizofrênica por parte da grande mídia. Não foi possível perceber a apresentação das principais medidas executadas pela “dama de ferro” enquanto governante. O tratamento dado pelas grandes empresas de comunicação ficou somente no nível dos elogios sem sentido. A crônica abaixo, publicada no Observatório da Imprensa, cumpre a tarefa de refletir sobre a questão.
Margaret Thatcher se foi. Uma amiga escreveu nas redes sociais que o falecimento da “dama de ferro” fez o diabo coçar a cabeça. Gargalhei bastante imaginando a cena. No entanto, os sorrisos logo foram embora. Algumas horas depois de findar o dia do jornalista, eis que os “especialistas em generalidades” dedicam elogios e reverências à introdutora do neoliberalismo na Inglaterra. A partir disso, entrelaçarei dois pontos nesta rápida crônica: 1) o papel dos jornalistas e do jornalismo na realidade contemporânea; 2) um comentário crítico ao governo Thatcher.
Nunca na história da humanidade tivemos a possibilidade de lidar com tanta comunicação e informação. É comum pensarmos que o advento das novas tecnologias faz de qualquer portador de um telefone celular um potencial jornalista. Será? Confesso não ter tanta certeza. Ainda que qualquer pessoa possa veicular um acontecimento, disseminá-lo mundo afora, não acredito que isso a torne um jornalista.
Talvez compartilhe de uma visão ultrapassada relativa a estes profissionais. Se eu fui capaz de entender alguma coisa dos quatro anos e meio que circulei entre eles, a ideia do jornalismo é produzir versões acerca da realidade, apurando os “fatos”, equilibrando os discursos e engendrando uma informação que esteja tão próxima quanto possível da veracidade. Procurar-se-ia uma versão fidedigna do ocorrido, a fim de informar a sociedade daquelas coisas que os limites do espaço-tempo não permitem o contato presencial.