ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Escrevendo

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Pensava. Por que escrever? O que isso pode significar?

O potencial de espalhar a própria percepção sobre os acontecimentos carrega um paradoxo consigo. Por um lado, libertamo-nos um pouco das amarras da triagem feita pelos grandes meios de comunicação. Por outro, às vezes, perdemos a noção do universo que envolve proferir palavras, frases e parágrafos mundo afora.

No mínimo, as ideias articuladas em texto, quaisquer delas, trazem uma parcela de imprevisibilidade quanto ao sentido que os leitores darão às mensagens oferecidas. As consequências individuais ou coletivas das nossas atitudes linguísticas parecem ultrapassar, nessa imensidão simbólica da realidade atual, qualquer capacidade que temos para mensurá-las. Isso não significa apenas que a repercussão vai ser grande ou pequena, mas que ela pode ser múltipla, variada e indesejável.

Eu sei. No afã de verbalizar as coisas, os anseios e seja lá o que for, há momentos em que subtraímos em nós mesmos a capacidade de silenciar, refletir e reestruturar os pensamentos. E se for para escrever, libertar um mundo de imaginação sobre o real, qual será o risco? Uma pergunta que responde as duas primeiras.

Não sei. Quero saber fazendo. Errando e acertando. Escrevendo.

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