Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
No mundo ideal, não seria preciso dizer aos homens: nesse carnaval, respeitemos as minas. Não sejamos escrotos. Não aumentemos as estatísticas de violência.
Ah, mas o cara do rádio falou que o machismo não existe, que isso é coisa de feminazi neurótica. Esqueçamos os jornalistas. Em geral, eles sabem muito pouco. Almoçam ignorância e arrotam sabedoria. Falsa sabedoria. Desconfiemos sempre deles. Eles são funcionários com alma e ideias de patrões. Eles sabem de técnica, mas quase nada de conteúdo.
Não seria preciso dizer: não há roupa curta, olhar, beleza ou o que for que legitime um beijo forçado, uma violência ou qualquer ação não consentida. Carnaval é alegria, é festa. Não precisa ser opressão. Não deve. Pode ser numa relação duradoura, passageira, com ou sem compromisso: respeitemos as minas, respeitemos o consentimento.
Ah, isso vale para todos os dias. Como o mundo não é ideal, digamos juntos: respeitemos as minas! Não sejamos escrotos.
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