ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Jessé Souza e a tolice da inteligência


Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Entender o Brasil e as suas contradições é uma tarefa e tanto. Nessa trilha, “A tolice da inteligência brasileira”, livro de Jessé Souza, sociólogo e atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), cabe muito bem.

Têm ataques às teses do personalismo e do patrimonialismo, que demonizariam o Estado, em Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro e Roberto da Matta; têm críticas aos limites do marxismo, em Florestan Fernandes; têm críticas aguçadas à apressada noção de “nova classe média brasileira”, em Márcio Pochmann e Marcelo Neri; e têm algumas reflexões interessantes sobre as jornadas de junho de 2013.

O que tem de mais promissor, eu acredito, é a tentativa de entender a reprodução das desigualdades brasileiras pela via simbólica, atraindo autores e conceitos até então distantes, como Pierre Bourdieu e o habitus, Michel Foucault e o poder disciplinar e Charles Taylor e o self pontual. Tudo isso com um pano de fundo denso da teoria weberiana sobre a racionalidade moderna.

Essa é só uma parte da história. Assim que der, ou melhor, assim que a fratura no metacarpo da minha mão direita não mais existir, vou me dedicar com prazer a resenhar profundamente o texto de Jessé Souza. Livro provocativo e instigante.