ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Contra o obscurantismo

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Nos dias de hoje, uma das coisas que me deixam mais triste e preocupado é ver o apoio de alunos e ex-alunos a sujeitos como os que formam o clã Bolsonaro.

Norberto Bobbio, jurista e filósofo italiano, define o limite da diferença entre direita e esquerda, na política, a partir da defesa máxima da liberdade, pela direita, e da igualdade, pela esquerda. Em tese, direita e esquerda tentariam articular igualdade com liberdade, afastando os polos, para concretizar uma sociedade democrática.

Figuras caricatas e rasteiras como Bolsonaro, no Brasil, Donald Trump, nos EUA, ou Marine Le Pen, na França, para citar só algumas, respondem aos problemas da vida em sociedade com pensamentos e propostas arcaicas, autoritárias e que contrariam a própria noção de liberdade individual - bastião da filosofia política de direita.

Jovens de direita não deveriam ser necessariamente preocupantes. Dialogar com eles desde referências liberais como Robert Nozick, Milton Friedman ou Friedrich Hayek poderia se mostrar um exercício de aprendizado e troca mútua, até para quem, como eu, está à esquerda no espectro político.

A crítica política me parece um fundamento da democracia. Mas a crítica à política, enquanto atividade de negociação social, mostra-se bastante perigosa. É isso que fazem Bolsonaros, Trumps e Le Pens. Liberais entusiastas dessas figuras autoritárias mergulham em profundas confusões, malabarismos lógicos e verborragias baratas. E se tornam assustadores.

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