ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Artigo: Capital cultural e desempenho escolar no Brasil a partir do Saeb 2003

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

http://www.hrpub.org/journals/article_info.php?aid=5261

Venho argumentando faz algum tempo que uma parte importante dos problemas da educação passa pela socialização dos jovens fora da escola. É um pouco do que está presente no artigo em anexo (clique na imagem acima para acessar), que publiquei esse mês, no Universal Journal of Educational Research. Como está em inglês e, em geral, trabalhos científicos são lidos por poucas pessoas, abaixo faço um breve resumo do estudo e dos argumentos.

O artigo é decorrência da minha dissertação de Mestrado Acadêmico. A discussão gira em torno dos recursos culturais acessados pelos estudantes e o impacto deles no desempenho escolar. Trabalhei com uma base de dados acerca de estudantes do 3º ano do Ensino Médio, em todo o Brasil, no ano de 2003. Através do uso da estatística, foi possível mensurar a influência de diferentes elementos no desempenho acadêmico dos educandos brasileiros. 

Em suma, cabe dizer que os jovens que tendem a conseguir altos rendimentos escolares têm acesso a bens culturais como livros, possuem hábitos culturais como a frequência ao cinema e uma família com escolaridade elevada. Eles se situam numa classe social em que não precisam trabalhar enquanto estudam e têm acesso a bens duráveis relativamente escassos. Ter a cor da pele branca ou estudar em escolas particulares ou federais remete a outros aspectos que possuem impacto relevante nas notas.

Alguém pode perguntar: e todos os aspectos pedagógicos, escolares, emocionais e etc., não são levados em consideração? E tudo aquilo que a estatística não dá conta? As avaliações educacionais em larga escala não são problemáticas? Sem dúvidas, essas são questões muito importantes. Ocorre que, num trabalho de pesquisa sociológica, é preciso “recortar” a realidade e analisar alguns pontos dela. A abordagem quantitativa não dá conta das relações no nível das motivações e subjetividades. Ela nos ajuda a entender regularidades e tendências. Nesse caso, foi o objetivo que me propus a cumprir - com todas as limitações inerentes.

.