Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Sociólogo e Professor
O fim do carnaval marca o retorno ao compasso do cotidiano. Nas
férias, por diversas vezes pensei nas dificuldades e no peso da vida que
estamos levando nas grandes cidades. Relaxado, integrado aos lugares
que frequentei, vivendo com simplicidade e num ritmo bem menos
acelerado, fiquei viajando nos motivos que teríamos para temer ou não o
futuro próximo.
De fato, não só do ponto de vista nacional, mas do contexto atual da globalização, é possível indicar sinais de que os tempos
vindouros podem ser preocupantes. Sem conseguir dar sentido às nossas
vidas hiperconectadas, hiperaceleradas e hiperpolarizadas, parece que a
cada dia as promessas modernas de liberdade e igualdade sucumbem quando
são confrontadas ao cotidiano feito de desigualdades, violências,
violações e desejos frustrados. A gente quer o mundo, parte pra cima e
busca conquistá-lo, mas nós sequer sabemos com serenidade se realmente
desejamos tudo isso.
Enquanto as férias ainda são consideradas um direito do trabalhador,
tenho procurado encontrar o que me falta o ano inteiro. É óbvio que não
encontro tudo e que são apenas férias. Por isso, o negócio é acampar.
Sério mesmo. No acampamento, a gente opta pelo simples, por fazer o
tempo passar mais suave e ficar mais sensível ao que realmente importa.
Fazer a própria comida, com calma, sem neurose, sem celular, sem se
importar se for uma comida básica, nada gourmet. Conversar com as
pessoas, ao vivo, trocando olhares. Misturar sotaques, histórias e
culturas numa roda de mate e de alegria. Se for perto da praia, então,
os dias passam inteiros, e a vida ensaia se completar.
Agora, no início de mais uma temporada nessa aventura que é ser professor, continuo repleto de dúvidas, angústias e desejos. Há indícios de que a marcha na direção de uma imprevisível tormenta acelerou de vez. Ainda assim, outras vidas estão por aí, comunicando e fazendo pequenas redes de cooperação, solidariedade e amizade. O que virá desse caldeirão pode nos trazer maiores temores ou fomentar novos sonhos. Nesses sonhos, amar e mudar as coisas me interessa mais.
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Agora, no início de mais uma temporada nessa aventura que é ser professor, continuo repleto de dúvidas, angústias e desejos. Há indícios de que a marcha na direção de uma imprevisível tormenta acelerou de vez. Ainda assim, outras vidas estão por aí, comunicando e fazendo pequenas redes de cooperação, solidariedade e amizade. O que virá desse caldeirão pode nos trazer maiores temores ou fomentar novos sonhos. Nesses sonhos, amar e mudar as coisas me interessa mais.
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