ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Até nunca mais, 1º de abril de 1964!


Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Nos dias 31 de março e 1º de abril de 1964, um grupo de militares derrubou o então Presidente da República pela força. Com o apoio da grande mídia, dos EUA e de grande parte daqueles que temiam perder os seus privilégios. Depois disso, instalaram-se duas décadas de construção de uma “cultura do medo” e de rejeição completa da participação do povo no cenário político. Vem a calhar uma reflexão sobre isso, por dois motivos: 1) Para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça; 2) A fim de pensar no cotidiano atual.

Estado Democrático de Direito. Um governante encheu a boca pra repetir essa expressão hoje pela manhã, numa das rádios filiadas a uma das empresas que deram o seu aval ao golpe de 1964. Usou essa expressão sem papas na língua, como se estivesse defendendo o povo contra o autoritarismo de outrora. Porém, quem ele defendia eram os empresários do transporte e suas riquezas cada vez maiores. Defendia a repressão como forma de calar as pessoas, exatamente como fizeram os militares no período iniciado há quase 50 anos.

Retiremos as máscaras dos argumentos falaciosos e o significado da democracia irá mudar. Fazer da democracia algo real é, sim, ocupar as ruas, além da internet. É se manifestar contra os desmandos de uma lógica que apoia as alegrias para os mesmos poucos de sempre e o “foda-se” para os mesmos muitos de sempre. Com arte, expressão, sorrisos, cartazes, vozes e coros cujo eco repercuta mundo afora. Deixemos a violência como a chaga da opressão. Jamais como um argumento para a vitória coletiva.

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