Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Maria escutava música. Pela janela, enxergava o lema do indivíduo moderno ostentado na avenida: “Querer é poder”. A moça pensava na vida. Nas suas experiências desde pequena. Viajava no tempo e no espaço. Bastaria o mérito para alcançar o que queremos?
Surpresa, ela vasculhava o seu passado. Problematizava o valor das relações que construíra na sua trajetória até ali. Tentava entender a formação das suas vontades, dos seus desejos e das suas ações. Afinal, as coisas nem sempre deram certo. Eram cheias de idas e vindas. Misturavam-se as suas atitudes e as condições das circunstâncias que se apresentavam.
Algumas oportunidades ela havia conquistado. Era habilidosa. Outras surgiam no desenrolar dos acontecimentos. Sem dúvidas, suas qualidades adquiridas socialmente abriam portas e dinamizavam as possibilidades práticas de execução dos seus desejos. Tudo se revelava um movimento de interdependência entre a sua interioridade e a exterioridade mundana.
Maria acordara. Lúcida, sublinhara para si própria a importância da dedicação. Do foco. Porém, fazer disso um paradigma já era demais. Poderia gerar muita competição e individualismo. Desse jeito, as oportunidades para que todos os dedicados se satisfaçam pareciam ficar ainda mais longe.
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