ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

terça-feira, 1 de setembro de 2015

No dos outros é sempre refresco

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Eu sempre tento escrever com o cérebro, não com o estômago. Hoje tá difícil. Vou tentar, de qualquer forma. O (des)governo do RS fala o tempo inteiro em crise no orçamento, em necessidade de sacrifícios para arrumar a casa. Vou fingir que não dá pra discutir isso tudo. Vou fazer apenas algumas pequenas perguntas lógicas.

- O salário do (des)governador, dos seus assessores, dos seus secretários, do Legislativo e do Judiciário está parcelado? Suas contas bancárias estão apenas com R$ 600,00 depositados? Ou existem outras fontes que complementam a sua renda?

- Ué, não era necessário um sacrifício coletivo? Por que sacrifício só para alguns? A população precisa menos do atendimento de professores, servidores da segurança e etc. do que dos nobres serviços prestados pelos que não tiveram os seus salários parcelados?

- Se a intenção é reformar o estado, que tal começar por acabar com os privilégios dos parlamentares, com seus auxílios astronômicos e seus inúmeros assessores?

- Como podem alguns servidores do judiciário receber auxílio-moradia, tendo casa própria e ganhando altos salários, tudo sempre em dia, enquanto professores e policiais, com salários sempre inferiores, estão recebendo pingado?

- Como podem os parlamentares ter aumentado os seus salários e os seus auxílios no início de um ano dito em crise?

Sério, é muita cara de pau. É muito desrespeito. É muita desumanidade. São sempre os mesmos que pagam a conta. São sempre os mesmos que se fodem. Só que atenção: lembremos todos daquele velho poema do Brecht, em que primeiro alguns eram levados, depois alguns outros e depois outros e... Uma hora pode ser contigo, que tá aí de boa, nem aí para os prejudicados de hoje.

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