ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Sorriso amarelo

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Depois de um dia intenso de trabalho, entre correções de provas, leituras e umas olhadelas ao julgamento do rito do impeachment no Supremo, parti para a sala de aula. Previa uma aula massa, com debates importantes.

O que eu não sabia é que seria um encontro tão foda quanto foi. Pelo menos pra mim, obviamente. Difícil falar pelos estudantes. Nem quero. O fato é que, à medida que os textos eram apresentados, todos textos de uma Sociologia pesada (teórica e empírica), eu ia me sentindo mais feliz. Preconceitos, opressões e desigualdades viravam pauta séria, com base em pesquisas sérias e comentários reflexivos.

Saí do encontro, caminhei uns metros e fui jantar. Sozinho, mas feliz. Pedi um xis e peguei uma ceva, daquelas delícias Pale Ale. Enquanto lia os detalhes da fermentação, da levedura e o escambau, sem poder evitar escutava comentários alheios. À esquerda, o paraíba veado era achincalhado; à direita, a mina piranha entrava na roda.

Que dureza. Todos riam. Os senhores da perfeição desfrutavam da sua estupidez travestida de comédia. Murchei. Como em muitas outras vezes na vida. Agora sinto vergonha, porque já fiz igual. Vergonha que me faz escrever.

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