Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Bruno Latour foi um
dos principais pensadores da ciência nas últimas décadas. O sociólogo e
filósofo francês, conhecido por suas obras impactantes, mas também por
ser um pesquisador que gostava de dar aulas, deixa um legado fundamental
para as discussões sobre o conhecimento no tempo presente.
Seguindo
os passos de David Bloor, Latour, Michel Callon e Madelaine Akrich
foram responsáveis por elaborar a chamada "teoria ator-rede". No âmbito
dos estudos da ciência, tecnologia e sociedade, essa linha teórica
considera os atores sociais definidos pelo papel exercido na sua rede de
atuação, pelos efeitos e repercussões que geram nessa rede. Tratam-se
de "atores híbridos", porque a ação não é percebida como uma propriedade
somente humana, mas como uma associação de actantes.
O ponto é
entender que atores/actantes podem ser pessoas, objetos, animais,
dispositivos inteligentes (máquinas) e instituições, por exemplo. Eles
estão envolvidos em redes, com suas conexões ("nós") e interligações.
Atores não humanos e humanos agem concomitantemente, influenciam e
interferem no comportamento uns dos outros, sendo os atores não humanos
ajustados pelos humanos conforme suas demandas.
Latour
interessou-se bastante por investigar a ciência no seu "fazer", na sua
construção diária. Na busca por analisar a ciência em ação, na prática,
realizou diferentes etnografias em laboratórios de alta tecnologia. Sua
antropologia das ciências procurou compreender como ocorre a produção
dos fatos científicos e da verdade nas sociedades contemporâneas - ou,
melhor dizendo, nas redes sociotécnicas. Uma jornada que rende e ainda
renderá muitos frutos.