Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Hoje pela manhã eu me
deparei com aquele jovem que começava a lecionar e com os e as milhares
de estudantes que estiveram comigo nesses quase 14 anos. Lembrei das
salas de aula das instituições pelas quais passei e de como os meus
sonhos vieram a se misturar com a minha prática pedagógica.
De
lá para cá, fomos transformados em inimigos da nação por uma cruzada
fundamentalista que tomou conta do debate público brasileiro. O pessoal
da casa grande, os perfumados da Faria Lima, os mercadores da fé, os
milicianos, os armamentistas e seus fanatizados direcionaram sua máquina
ideológica de mentiras e manipulações também para a educação. É o
carrego neocolonial e neofascista ainda por ser despachado nesses
tristes trópicos.
Por aqui, a esperança é equilibrista e segue
potente como nunca. Nas escolas e universidades desse país, nos espaços
não formais, o coro tá comendo e não há tempo a perder. Muitas
professoras e muitos professores se viram nos trinta tentando
sobreviver. Ao mesmo tempo, buscam o diálogo, o fomento da dignidade, a
construção de oportunidades, de autonomia e pensamento crítico. Dedicam
suas vidas e energias a cada dia, diante de tanta treta que não cabe em
palavras.
Mesmo assim, os sonhos não envelhecem porque você,
estudante, não deixou o seu desejo ser capturado pelo ódio, pelo
ressentimento e pela brutalidade. Porque seus olhos ainda brilham.
Nossos sonhos não caducam porque vivem em vocês, que desejam e agem por
um mundo sem armas, com trabalho digno, florestas vivas, diversidade
pujante e menos desigualdades. Que não desistem, apesar de tudo. Há
futuro e ele é presente. Um viva à docência e fora genocida!