ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sábado, 15 de outubro de 2022

Um viva à docência!

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Hoje pela manhã eu me deparei com aquele jovem que começava a lecionar e com os e as milhares de estudantes que estiveram comigo nesses quase 14 anos. Lembrei das salas de aula das instituições pelas quais passei e de como os meus sonhos vieram a se misturar com a minha prática pedagógica.

De lá para cá, fomos transformados em inimigos da nação por uma cruzada fundamentalista que tomou conta do debate público brasileiro. O pessoal da casa grande, os perfumados da Faria Lima, os mercadores da fé, os milicianos, os armamentistas e seus fanatizados direcionaram sua máquina ideológica de mentiras e manipulações também para a educação. É o carrego neocolonial e neofascista ainda por ser despachado nesses tristes trópicos.

Por aqui, a esperança é equilibrista e segue potente como nunca. Nas escolas e universidades desse país, nos espaços não formais, o coro tá comendo e não há tempo a perder. Muitas professoras e muitos professores se viram nos trinta tentando sobreviver. Ao mesmo tempo, buscam o diálogo, o fomento da dignidade, a construção de oportunidades, de autonomia e pensamento crítico. Dedicam suas vidas e energias a cada dia, diante de tanta treta que não cabe em palavras.

Mesmo assim, os sonhos não envelhecem porque você, estudante, não deixou o seu desejo ser capturado pelo ódio, pelo ressentimento e pela brutalidade. Porque seus olhos ainda brilham. Nossos sonhos não caducam porque vivem em vocês, que desejam e agem por um mundo sem armas, com trabalho digno, florestas vivas, diversidade pujante e menos desigualdades. Que não desistem, apesar de tudo. Há futuro e ele é presente. Um viva à docência e fora genocida!