Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Fantasmas o rodeavam. Um deles, vira e mexe, assustava. Afinal de contas, como entender a realidade social? Haveria alguma forma segura de conhecimento, superior às demais, capaz de hegemonizar a compreensão sobre o que se passa entre os seres humanos?
Conversava. Por ali, por aqui. Agia. Observava. Numa imensidão de experiências, postulava caminhos. Chegava sempre ao namoro com as Ciências Sociais, essa prática tão abstrata e profunda que, por vezes, carrega o risco de se transformar em densas abstrações quase nada práticas. Iam e vinham teorias. Conceitos. Métodos. Seguia um apaixonado, como se pintasse pequenos retratos da vida real, tracejados pelas tintas de uma rigorosa Sociologia.
Entretanto, nunca bastava. Lá estavam velhos e novos fantasmas. Circulavam as pessoas, os acontecimentos e os saberes do cotidiano que viabilizam as nossas vivências. Uma mistura incandescente. Razão e emoção se espreitavam com vontade. No fundo, vários conhecimentos hibridizavam o seu olhar. Um olhar de uma vida barata.
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