ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Como amigos próximos

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Que semana. Desafios, diálogos e muita reflexão. Trocas intensas. Quase não deu pra escrever. Só que sem escrever a semana não estaria completa. Viajando nisso tudo, observo um palestrante entretendo alguns jovens. Bastante didático, o rapaz não produz nenhum significado. Apenas reproduz ideias vagas e rasteiras. Preconceituosas e estigmatizantes, inclusive.

Recordo os dias anteriores. Quantos significados. Quantas vozes se cruzando, pensando as suas realidades, confrontando argumentos. Protagonizando experiências, arriscando novas significações. Libertando coisas que não podem ficar presas. Quantos crescimentos.

De volta ao mundo real, lá está o palestrante. Cheio de ginga. Vazio de argumentos. Um discurso estilo mais do mesmo. Uma ode à competição e ao indivíduo autossuficiente. Convincente, numa escuta ligeira. Cabisbaixo, eu não desisto. Defendo-me contra meus próprios dilemas: sensibilidade e razão não são como rivais, não posso deixar que sejam; quero que sejam como amigos próximos, bastante próximos.

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