ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 1 (16)

América do Sul, Brasil,

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Lendo Piketty, parte 1

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

O livro de Thomas Piketty, professor da Paris School of Economics, tem causado uma histeria feroz naqueles que enxergam comunismo por todos os lados. Sem conseguir refutar os dados da obra “O capital no século XXI”, apelam, como sempre, para os mantras favoráveis à desregulamentação ampla da economia capitalista. Berram como raivosos distantes de qualquer densidade argumentativa.

De fato, minha leitura até agora indica que Piketty não é um esquerdista, revolucionário ou comunista. O que ele faz é ampliar a metodologia de Simon Imagem: Bernardo Caprara.Kuznets, aplicada num estudo da década de 1950. Kuznets afirma que, na fase inicial do desenvolvimento capitalista, as desigualdades crescem razoavelmente. Porém, depois de consolidado o livre mercado, as desigualdades decaem e estabilizam o sistema. Com os dados da época, reduzidos aos Estados Unidos, Kuznets sustentou sua tese e disseminou o sentimento de que o crescimento econômico independente de qualquer política edifica a diminuição das desigualdades de renda.

Piketty, por sua vez, evidencia que os dados do século XX ilustram que a taxa de retorno do capital é maior do que o ritmo do crescimento econômico. O contexto político e social carrega grande importância. Para Piketty, o capitalismo contemporâneo nos países centrais concentra renda, promove desigualdade e está associado a baixo crescimento, privilegiando os mais ricos através da herança.

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