ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Quem quer ser professor no Brasil?

Fernando de Gonçalves
Doutorando em Sociologia pela UFRGS
Do blog Sociedade dos Indivíduos

Uma publicação do ano passado (mas a qual somente li recentemente) do colunista da Veja Gustavo Ioschpe me chamou a atenção. Embora a coluna traga várias informações questionáveis, algumas delas com considerável carga ideológica (como menções à Cuba sem muito contexto), uma delas me chamou a atenção: a de que não há relação entre melhores salários de professores e melhor qualidade no ensino. O argumento é baseado em algumas pesquisas que mostram que a qualidade do ensino não tende a melhorar com o aumento dos salários. Estejam corretas ou não, essas pesquisas, creio que há uma falha metodológica nesses trabalhos: o pequeno lapso temporal testado, geralmente um ano ou dois.

Imagino que, de fato, um salário maior não melhore significativamente a qualidade do ensino ofertado pelos professores que já estão na ativa, embora cumpra um papel fundamental em atrair candidatos mais preparados para a carreira docente e estes sim podem melhorar a qualidade do ensino. Eu mesmo fui professor concursado da Rede Estadual do Rio Grande do Sul durante alguns meses, mas as baixas perspectivas da rede me levaram para outros caminhos.

Esta investigação terá três etapas, com os seguintes objetivos: 1) descobrir quem queria ser professor no Brasil em 2009, 2) verificar se houve aumento real no rendimento dos professores desde então, 3) Comparar o perfil dos candidatos daquele ano com candidatos à carreira docente 5 anos depois, em 2014, para entender se houve alguma alteração no padrão, acompanhando ou não os aumentos salariais e comparar isso com dados nacionais e internacionais sobre a qualidade da educação brasileira. Nesta postagem, vamos tentar dar conta apenas do primeiro objetivo.


Continuar leitura….

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