ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Cadê a boia?

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Sexta-feira, hora de parar um pouco.

Bah, mas tem a tarefa atrasada, o texto que não deu pra ler, o bico pra aumentar a grana, o trabalho doméstico acumulado. Tem quem trabalha no final de semana, cada vez mais.

O espírito do nosso tempo requer uma vida sem pausas. Sem parar a produtividade, porque, dizem os gurus do time is money, ela está pequena demais. Sem parar de consumir, afinal, do que vale a vida sem o consumo?

Parar, ocioso, sem uma tela pra fustigar, um objetivo para cumprir ou uma meta a alcançar, no geral, parece sinônimo de heresia. De vadiagem.

Estamos exaustos, quase todos. Mas não dá nada, é só tomar uma boleta. O negócio é mergulhar, de vez, nessa abissal tempestade de estímulos.

Terminamos afogados, 24 horas por dia, sete dias por semana, numa existência de consumo e mercantilização da vida. Cadê a boia que ajuda a resistir?

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