Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Joãozinho estava feliz, o feriado se aproximava. Não sabia a razão de uma folga geral como aquela, em plena sexta-feira. Curioso, resolveu descobrir. Perguntou aos familiares. A resposta foi lacônica: “É algum feriado político”. Joãozinho deu de ombros.
Faltavam cerca de 20 minutos para terminar a aula. O feriado iria começar, finalmente. A professora tentava explicar o conceito de República. Fazia a associação entre o feriado e a construção da República Brasileira, proclamada em 1889. “Essa é uma forma de governo que emana do povo, ou seja, surge das mãos da população”, insistia a docente, em meio ao caos instalado na sala de aula.
Caiu a ficha. Atento, Joãozinho entendeu os motivos da folga que estava quase chegando. Entendeu, mas não concordou com o conceito. “Lá na quebrada o poder não tá na mão da rapaziada, nem aqui na escola, nem em lugar nenhum que eu conheço!”. A reflexão do menino beirava a inocência juvenil.
Tocou o sinal. A gurizada se libertou com velocidade da escola. O feriado virou realidade. E a República?
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