ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Um mapa das desigualdades raciais


Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Trovejava. Lia um jornal gratuito, escorado debaixo de qualquer marquise. Viajando, construía o mapa das desigualdades entre negros e não-negros no Brasil atual. A lista de orientação era variada:

- Cerca de 50% da população brasileira é negra ou parda (IBGE, 2010).
- O trabalhador negro recebe, em média, 36% a menos na quantia do seu salário do que os não-negros (DIEESE, 2013).
- Cerca de 90% dos negros permanecem fora das universidades, mesmo com o número daqueles que as frequentam aumentando em quatro vezes desde a implementação das Políticas de Ações Afirmativas (MEC, 2011).
- Aproximadamente 70% de todos os assassinatos no país vitimam pessoas negras (IPEA, 2013).

De repente, a cartografia mental banhou-se de sangue, opressão e desigualdade. Respirou, suportou e ousou superar. Da amargura à semente do novo. Daquilo que precisa ser descoberto, como dizia o sábio geógrafo Milton Santos. No cenário erigido pela imaginação do real, tambores começaram a tocar. Grandes e belas cidades negras ergueram-se, consolidaram-se outra vez. Grandes gentes reconhecidas como grandes gentes. O berço de todas as gentes.

Entre passados e presentes, o real. As realidades. Luta. Resistência. Orgulho e valor. Até a vitória.
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