ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sobre conhecimentos, globalização e desigualdades a partir da sala de aula

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Estar professor de Sociologia é provocar, propor estranhamentos, instigar um pensamento crítico acerca do real. Porém, perdemos muito se for um trabalho solitário. Desde 2013, tenho a oportunidade de trabalhar com o PIBID Ciências Sociais da UFRGS. Quem mais ganha são os estudantes do ensino médio, sem dúvidas. Ganha, também, a formação de docentes nos cursos de licenciatura. Ganho eu, professor de escola pública, em contato direto e frequente com a graduação em Ciências Sociais na universidade pública.

Finalizado o primeiro trimestre de 2014 (Módulo 1), o curso de Sociologia* que construímos na Escola Técnica Ernesto Dornelles incitou reflexões sobre conhecimentos, globalização e desigualdades. Os estudantes produziram ótimos argumentos, diálogos inesquecíveis e textos bastante interessantes. Reproduzo, abaixo, trechos destes escritos. Sigamos fomentando saberes, conscientes da nossa incompletude.

Pirâmide da desigualdade de renda no Brasil - Datafolha, 2013

Sociologia é o estudo da sociedade, nos faz pensar sobre nossos atos, e o porque dos atos das outras pessoas. É também um estudo que discute diferentes opiniões, sem julgar nenhuma delas. Natiane de Abreu e Patricia Souza, 1º ano do EM.

O conhecimento popular não deixa de ser importante em nossas vidas só por ser mais simples que o conhecimento científico, todos os conhecimentos são importantes, pois sem saber, não conseguimos viver em sociedade. Assim, concluímos que a Sociologia é importante. Débora de Campos, 1º ano do EM.

A sociologia age ou "trabalha" para explicar o porquê de "certas características" da sociedade, como, por exemplo, tentar entender como e por que hoje existe o capitalismo. Raíne da Silva de Brito, 1º ano do EM.

Com o capitalismo e a globalização, também temos a facilidade de ter produtos estrangeiros, exemplo próprio disso foi a minha situação, comprei produto da Sony Imagem reproduzida de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuT9CTkSS3CWQL8HShvadSiD7AcoNjAp_sRKbN6Eqtc27BtCF31wGA-WTbk50dR6QEO-Yo8RabtANovRJJDHfzONIB_EjkV3FI5zysedaB7KL_J0cRl6C-TFPAZ9C9mGXkJhAGs3IJ-dA/s1600/desigualdade-social.jpg(Ps2) e logo em seguida troquei por um Ps3 e agora o Ps2 está parado, fora que isso não acontece só comigo. Com esta troca também produzimos muito mais lixo. Andrius Darós, 2º ano do EM.

Eu sempre estudei em colégios públicos, mas sempre penso: "por que o colégio público não tem os mesmos direitos do que uma escola particular, como ambientes de estudos, professores substitutos, etc.?” (…) No Brasil, há desigualdades para todos os lados, querendo ou não. Espero que isso mude, ou com certeza mudará, depende de cada um. Matheus Soares, 3º ano do EM.

É fácil andar na rua e se deparar com vários exemplos de desigualdade (ainda mais se você mora no Brasil). É a mãe com seus cinco filhos pedindo esmola na rua, enquanto uma criança de 10 anos anda por aí exibindo seu iphone. É quando uma pessoa tem que ficar horas na fila da emergência, enquanto outra paga horrores em um médico particular. São vários os exemplos. O que me envergonha é fazer parte de uma sociedade que permite isso. Ketely Garcia, 3º ano do EM.

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