ABORDAGEM ARTESANAL, CRÍTICA E PLURAL / ANO 16

América do Sul, Brasil,

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Um nó para o ensino de Sociologia

Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor

Dia desses, lendo um pequeno baita texto do Frei Betto, perguntei-me: qual é a escola dos meus sonhos? Difícil responder. Viajei um pouco mais: como é o ensino de Sociologia dos meus sonhos? Bah, aí o bicho pegou de vez. Coisa bem complexa.

Talvez, quem sabe, a mediação pedagógica seja o nó mais evidente a ser desatado. Como não propor um arsenal de teorias e conceitos que não fazem sentido para os estudantes? Como não recair ao mais do mesmo, a uma espécie de conversa de bar sem conteúdo?

Experimentando, errando e acertando, caio de cabeça nessa aventura. Atribuindo sentido aos acontecimentos do cotidiano. Sentindo. Procurando oferecer alternativas de compreensão do real, para além das naturalizações. Provocando estranhamentos. Compartilhando razões e emoções.

Partindo da realidade, do que é próximo de todos nós. Emaranhando conceitos e teorias das Ciências Sociais, cuja pluralidade auxilia – e muito. Concretizando essa teia, retornando à realidade para (re)pensá-la de diversos modos. Com diversos saberes. Encarando as dificuldades do mundo concreto, árduo, pesado e cruel.

Contudo, um fator parece preceder toda e qualquer iniciativa metodológica no âmbito do ensino. Se nós, professores, não encararmos nossos estudantes como protagonistas, seres humanos repletos de subjetividades, aí os obstáculos enormes que já existem se transformarão em barreiras quase intransponíveis. Evitar essas barreiras é um ato político.

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