Bernardo Caprara
Sociólogo e Professor
Há momentos, muitos deles. Não sei quem sou. Nem quem fui. Tampouco quem quero ser. Olho para o lado. Não descubro. Penso. Imagino. Recordo-me. De tristezas. Da epidemia do vírus Ebola em curso na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria. Da guerra iminente na Ucrânia. Do pau comendo em qualquer gueto do planeta. Sinto. Calafrios. Perco a fé.
Um momento de estabilidade. Estou professor. Ah, ossos do ofício. Na real, estou filho e amigo. Cidadão. Também estou escritor (?!) – outros ossos. Estou com fome, frio, sede, suor, tristezas e alegrias. Desejos. Estou humano. Vivo. Errando. Acertando. Errando mais que acertando. Vivendo. Desvivendo a cada minuto. Sobrevivendo.
Quem quero ser? Prossigo e ainda não sei. Lá se foram quase três décadas. E parece que tudo pode se renovar. Sobram indícios e perguntas. Faltam respostas. Sei, com esperança, que quero estar com outros que muito ou pouco saibam. Que estejam vivos e abertos. Que me ajudem a me manter vivo e aberto.
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